Não percebi que este lugar estava sem atualizações por dois anos até pouco tempo atrás, talvez porque escrever nunca deixou de ser algo que eu fizesse mas para que eu possa colocar aqui, exige um certo procedimento.
Lembrei do exato momento em que criei esse blog. Tenho essa memória fotográfica muito boa, consigo me colocar de novo em lugares e situações só fechando os olhos e pensando nisso.
Eu tinha 14 anos e estava no meu quarto, sozinha. Eu, o notebook e um dicionário. Queria algo que se complementasse, que "engatasse" mas precisava fazer sentido. E desde então eu pago esse domínio que involuntariamente se tornou um diário da minha vida.
Os últimos dois anos me destruíram completamente e fiz um trabalho extenso para voltar à viver, voltar à ser uma pessoa. De todos os momentos que construíram meu caráter, talvez esse período tenha sido essencial. Senti as coisas palpáveis e imagináveis embaralhadas, senti como nunca o desejo de estabilidade e corri atrás disso.
Eu dizia à mim mesma e ao analista 'esta tem que ser a última vez que meu mundo desaba desse jeito porque eu não sou mais capaz de lidar com esse tipo de dor'. E muitas lágrimas e dívidas e gritos e mudanças e sessões de terapia depois, cá estou.
Viva.
E pensando bem, no melhor momento em que já estive.
Não que minha vida hoje seja uma bela cena cor de rosa de Barbie mas além de lidar comigo mesma, aprendi a lidar com o mundo de algum modo que não me matasse a cada 3 meses. Sigo todos os conselhos, a hidratação, os remédios, exames, consultas. Li livros sobre intimidade, amor, cuidado, a sociedade. Conversei com amigos sobre esses assuntos e sobre comunidade, capitalismo, independência e sentimentos.
Aprendi a cuidar e desvendar o meu emocional, essa grande parte borbulhante dentro de mim desde antes desse espaço online ser criado. Minha família não me ensinou muitas coisas mas eu sempre estive disposta a aprender, desde as crises de choro incógnitas pelas quais eu passava 10 anos atrás.
Agora que sei como as coisas me afetaram e afetam, tem sido menos difícil. Não tenho mais medo do mundo desabar, porque construí bases que impedem que isso me atinja como antes. Também não temo mais os sentimentos incontroláveis porque me acostumei à essa ideia de que é mais fácil deixar as coisas passarem por mim que passar por elas.
Então o que acontece quando você tira de alguém a resposta para todos os seus problemas - a morte? Uma vez que eu não tinha mais vontade de morrer, eu acabei por ter espaço para outros desejos. E um antigo que nunca esteve no horizonte parece fazer sentido agora: escrever um livro.
É por isso que depois de tanto tempo eu voltei, para contar mais uma história. A minha.
A ideia de fisicamente ter um exemplar de um livro, que possa explicar minha vida e suas entranhas, além de fazer o que os livros sempre fizeram por mim - acolher, representar, viajar através do tempo - é encantadora. Não algo que antes eu achasse que fosse capaz mas essa concepção de capacidade também está diferente na minha cabeça.
Do tempo que estive longe, restam escritos que publicarei aqui também.
Por enquanto, esta é uma saudação e um início.
Lembrei do exato momento em que criei esse blog. Tenho essa memória fotográfica muito boa, consigo me colocar de novo em lugares e situações só fechando os olhos e pensando nisso.
Eu tinha 14 anos e estava no meu quarto, sozinha. Eu, o notebook e um dicionário. Queria algo que se complementasse, que "engatasse" mas precisava fazer sentido. E desde então eu pago esse domínio que involuntariamente se tornou um diário da minha vida.
Os últimos dois anos me destruíram completamente e fiz um trabalho extenso para voltar à viver, voltar à ser uma pessoa. De todos os momentos que construíram meu caráter, talvez esse período tenha sido essencial. Senti as coisas palpáveis e imagináveis embaralhadas, senti como nunca o desejo de estabilidade e corri atrás disso.
Eu dizia à mim mesma e ao analista 'esta tem que ser a última vez que meu mundo desaba desse jeito porque eu não sou mais capaz de lidar com esse tipo de dor'. E muitas lágrimas e dívidas e gritos e mudanças e sessões de terapia depois, cá estou.
Viva.
E pensando bem, no melhor momento em que já estive.
Não que minha vida hoje seja uma bela cena cor de rosa de Barbie mas além de lidar comigo mesma, aprendi a lidar com o mundo de algum modo que não me matasse a cada 3 meses. Sigo todos os conselhos, a hidratação, os remédios, exames, consultas. Li livros sobre intimidade, amor, cuidado, a sociedade. Conversei com amigos sobre esses assuntos e sobre comunidade, capitalismo, independência e sentimentos.
Aprendi a cuidar e desvendar o meu emocional, essa grande parte borbulhante dentro de mim desde antes desse espaço online ser criado. Minha família não me ensinou muitas coisas mas eu sempre estive disposta a aprender, desde as crises de choro incógnitas pelas quais eu passava 10 anos atrás.
Agora que sei como as coisas me afetaram e afetam, tem sido menos difícil. Não tenho mais medo do mundo desabar, porque construí bases que impedem que isso me atinja como antes. Também não temo mais os sentimentos incontroláveis porque me acostumei à essa ideia de que é mais fácil deixar as coisas passarem por mim que passar por elas.
Então o que acontece quando você tira de alguém a resposta para todos os seus problemas - a morte? Uma vez que eu não tinha mais vontade de morrer, eu acabei por ter espaço para outros desejos. E um antigo que nunca esteve no horizonte parece fazer sentido agora: escrever um livro.
É por isso que depois de tanto tempo eu voltei, para contar mais uma história. A minha.
A ideia de fisicamente ter um exemplar de um livro, que possa explicar minha vida e suas entranhas, além de fazer o que os livros sempre fizeram por mim - acolher, representar, viajar através do tempo - é encantadora. Não algo que antes eu achasse que fosse capaz mas essa concepção de capacidade também está diferente na minha cabeça.
Do tempo que estive longe, restam escritos que publicarei aqui também.
Por enquanto, esta é uma saudação e um início.
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