domingo, 14 de agosto de 2011

Crises

Só consegue-se sentir quando está próxima, como o calor, você nunca vai sentí-lo de verdade até que ele queime tua extremidade perto dele. Por outro ângulo, não é que como se você conseguisse repelir a destruição, é como se fosse sugada por ela e no final ela te cuspisse, e só então, você para de chorar.
As gotas descem quase da coloração do jeans, e a angústia exala aos poucos uma pessoa meio perdida meio salva. Desce o supiro pro peito e volta o desespero que tenta ir pela boca: não sai nada, nem gemido nem grito, só vem a falta da esperança, mas essa passa direto e vai pra cabeça.
Ali, onde tudo acontece, de onde saíram os fantasmas e de onde vem a distorção sobre o ser. De onde vem as ideias, as boas e as ruins, de onde vem o pudor e a falta dele. E só você sabe o quanto arde saber que limita-se sem vontade.
Bem, não se trata de vontade, trata-se da falta dela, da falta da vontade de continuar. Tu continua, mas só pensa na hora que vai acabar. É taxada de louca, de ridícula e suicida, mas continua. Todos continuamos.
O céu da boca queima, a visão embaça, as mãos tremem e tudo que quer dizer é o que não sai naquele momento. É a dor que não vai sar de você, a cicatriz que não vai fechar dentro de ti e a angústia, essas e outras coisas parecem criar raíz dentro de ti, raízes tão fortes que não é qualquer exército com conselhos que vai conseguir tirar isso daí de dentro.
Não tem ninguém pra dizer o que fazer, porque não tem ninguém que tenha vivido esse anseio. Ninguém tem de correr para o banheiro ou esperar o ônibus parar para simplesmente, chorar. Ninguém vai entender o quanto dói, o quanto arde, o quanto destrói.
As lágrimas vão se acumulando e logo você vai prendendo gritos porque se encontra no meio de uma sala de aula ou pior, você as segura para ver até onde consegue. Você quer luz, e a encontra bem longe de onde se afogou dentro de si. Você se perde tanto que já deve ter esbarrado no caminho certo e sem querer o deixou passar.
São sorrisos rápidos banhados à cerveja e conversas aleatórias com cigarro entre os dedos; a tua felicidade não é mais sincera. Guardou dentro de si tanta coisa que até as coisas querem liberdade agora, elas estão saindo de você aos poucos, e cada lágrima é uma batalha: uma vitória por uma mágoa saindo e uma derrota por outra dúvida entrando.
Não são as drogas ou o papo furado que vai tirar de você a dor. Depois da festa, você chega em casa e chora embaixo do chuveiro, enquanto tira o cheiro de pessoas, cigarro e alcóol de si mesma, e depois disso distribuiu beijos e palavras confortantes de boa noite como se fosse uma garota realmente feliz. Você não é.
O pior de tudo é que sabe que não, mas viveu tanto tempo no fingimento que suporta hoje até as piores verdades com sorriso no rosto. Com calma no coração e serenidade nas palavras, você sai doando migalhas que sobraram da tua vida e conselhos como qualquer pessoa boa faria. Essa esperança sem fim de se tornar boa, garota, cansou de você.

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