Ódio e lágrimas engolidos, punhos e maxilar cerrados, cérebro, coração e respiração ritmados. Não é ruim, porque eu não mereço coisa melhor que isso. Mas não é bom do modo que eu preciso, de um modo que o rancor não exista assim como a raiva e do jeito que eu possa viver normalmente, não tentando controlar tudo.
Eu chamo de rancor. Isso aqui, esse desejo imoral de todos morrerem e eu ser a primeira, essa ignorância, o meu silêncio e desdenho diante de coisas as quais já me acostumei, as quais não fazem mais sentido mesmo que nunca tenham feito e também às que me enjoaram. Não sei porque tenho isso e não gosto de culpar os outros por isto. Sou eu. Rancorosa e ridícula. Eu.
Se me quiser estou aqui. Rancorosa e ridícula. Estou, sempre estarei, é só ter paciência e você consegue algo. Pa-ci-ên-ci-a. Se não me quiser tudo bem, eu nunca vivi por isso chamado platônico e apesar de achar bonito, não sei se conseguiria.
Toco-me constantemente, estralo os dedos, cruzo e descruzo as pernas, abraço à mim mesma com os braços, passo os dedos pelo pescoço e também pelo que tenho no rosto. Eu sinto porque não me encaro no espelho, não me vejo ali, não mesmo, como se o sorriso infantil, os olhos cansados e sinceros, as maçãs salientes, as sobrancelhas espessas e todo o resto não me pertencesse, como se fosse uma grande máscara que eu não possa tirar. Queria ao menos uma máscara bonita, mas já que o que escondo é tão rude e sujo, eu aceito, eu aceito qualquer coisa.
Eu aceito que o meu mundo desabe a cada segundo e a cada olhar e também a cada toque, eu sei que mereço, é o sentimento predominante em mim, conformismo. Me conformo porque eu não quero mudar agora, então aceito. Eu mereço. Mereço esse rosto de adolescente e essa carência de mulher, mereço cada fio de cabelo loiro e notas satisfatórias mas não ótimas, mereço que tenham medo de mim e também que esqueçam. Esqueçam-me, a medrosa da história sou eu.
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