Queria sumir às vezes, parar de perceber as coisas tão tarde, me libertaria de uma grande e cansativa luta contra mim mesma, essa luta que eu não vou ganhar e tenho consciência da derrota. Ou não, eu nunca estive tão pra baixo assim, sempre vou pensar desse modo. De repente quero engolir o mundo pra tentar curar o grande pedaço de nada que fica, enroscado nisso que eu me tornei e depois me sinto tão culpada que preciso ficar limpa por três, quatro, cinco dias. Eu fico feliz de ter algo pra preencher e logo me descontrolo, logo deixo que o falso controle corra das minhas mãos para o meu instinto e eu acabo assim, perdida e esperançosa que amanhã será um novo dia.
Não me reconheço mais, não posso ver o que eu conhecia, eu não me sinto como algo que seja, algo coerente que transporta vida pelo gesto e transborda idéias pela fala, eu me perdi aqui dentro, dentro dessa incabada pessoa que sou e não quero achar, olho para isso e vejo olheiras, vejo longos fios pela nuca, vejo sardas e alguns ossos, mas ao que dou importância não vai ser transmitido por esse toques e minutos na frente do espelho tentando encontrar a mim.
Força. Para não encarar o espelho de medo, para andar por aí cheia de dores e rancores, para mentir que estou bem, para passar cinco dias sem comer, para olhar nos olhos de qualquer um e dizer que estou feliz. Bela força, bela e autodestrutiva.
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