Preciso jorrar isso em algum lugar.
Você, um dia, se olha no espelho e se lembra da garota da revista, aquela de pouca roupa, bonita, esbelta, feliz. Você tenta ver, ali no reflexo, algo que te deixe feliz, e não encontra. Compara aquela foto com a da menina da revista. Repulsa. Você decide: não gostam de mim assim, eu nem estou como nessa foto bonita, vou resolver isso. Você passa uma, duas, dez horas; você passa um, dois, dez dias, você passa mal e cai, você levanta e começa de novo. Você sente que cada trancar do maxilar é maligno, você é um monstro feito de dentes. Você cai de novo, encontra outro caminho. Você cai, e então se segura antes de chegar ao chão. Você mente que está bem, você cai, você se segura, você mente para si mesma.
Por outro ângulo, não gosta de invejar. Pensa que é sim, mais bela e feliz, mas o espelho não mente, ou não ajuda, e que fotos são essas? Não é mais você. Você não sabe o que se tornou, pouco consegue encarar. Ser bela dói, você pensa, pensa que cansa. Já percebeu e nega que não é você que cansa, que decide, que nega, é o que você se tornou que pensa por ti. Isso tomou conta de você, isso é você.
E por mais imprevisível que seja, dói também ao chegar lá. Esse não é o pico mais alto, escaladora, tente de novo, não é o suficiente. Você imagina como seria voar, o mais alto, onde não se possa ouvir os pensamentos. Você até que gosta de borboletas, as que vivem poucos, mas vivem belas. Bor-bo-le-tas. A-ma-re-las. Voe em direção ao Sol e seja feliz. Ou não.
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